O Silêncio do Renascimento
Eu sofri muito até entender...
Ou melhor: até viver desde o nascimento a ferida da rejeição.
E que foi projetada nas relações que apenas reforçavam essa dor.
Era tudo que eu sabia.
Era tudo que eu entendia que merecia.
Passei por todas as fases:
A suposta humilhação
Por aceitar migalhas, desrespeito, ingratidão...
A culpa, por acreditar que era tudo por minha causa.
Então me prendia à tentativa:
Se eu fosse melhor, talvez me amassem.
Veio a raiva de me anular,
De me encolher,
E ainda assim receber mais desamor e indiferença.
Tudo pela minha carência
O cansaço de lutar
O medo de soltar e perder de vez...
Ficar sozinha...
Até que chegou o silêncio.
O verdadeiro silêncio.
Que não veio mais da dor, nem da raiva, nem da vergonha,
Nem de qualquer emoção guardada...
Veio por amor.
Um amor compassivo... comigo.
Um retiro.
Que mesmo que eu quisesse,
Não conseguiria mais falar.
As palavras se tornaram um profundo silêncio
Que me acolheu —
E me deu tudo o que sempre me esforcei para ser.
Para ter
Senti toda energia que achava perdida
Voltar a mim.
Fui embalada pelo meu próprio amor.
Naquele instante, emocionada,
Agradeci por esse encontro.
Por essa compreensão tão valiosa.
Tanto tempo buscando fora...
E sutilmente, renasci.
Diferente.
Havia uma paz no mesmo lugar.
Aqui fora, tudo era igual.
Mas por dentro, após esse silêncio,
Veio o real entendimento:
Não preciso mais buscar.
Porque já Sou.
E por isso, permaneço fiel aos meus princípios.
É amar, sem nada esperar.
É um derramar daquilo que está preenchido.
Mas agora, em nova forma:
Neste rio, há uma borda.
Respeito meus limites.
Se há obstáculos, contorno.
Já não fico presa como represa.
Permito fluir.
Porque logo à frente,
No oceano...
Essa água deságua.